sexta-feira, 21 de abril de 2006
TÔ QUE NEM POSSO - 2
Cabo da Raiva
Depois de um “normalíssimo” dia de trabalho com o stresse do costume, chega-se a casa e, para não perder o hábito, antes de começar os preparativos para a confecção do jantar, controlo remoto na mão e clic… liga-se o receptor da TV Cabo.
Tic…tic…tic…tic…tic…
E então? Mas o que aconteceu dessa vez?
Onde está o canal X? E o canal Y? Ah, não!
O meu canal Z também?
Isso não pode ser. Afinal o que é que estamos a pagar?
Como se não bastasse aquela história de terem cobrado aluguer do aparelho que é nosso. É um desrespeito atrás do outro.
Basta! Já estou farta.
ABAIXO A TV CABO, NO SENTIDO LATU DO TERMO
É inadmissível que uma empresa desrespeite tanto o consumidor como essa TALZINHA TV CABO o faz e alardeia aos quatro ventos que tem o melhor serviço: "TV Cabo O maior operador nacional de televisão por cabo e satélite e um dos mais importantes da Europa".
Claro! Na maior parte do país é o único! Que vergonha!
Mas não vou mais me sujeitar a suas “maracutaias”.
E se todos os que se sentem lesados também o fizessem poríamos cobro a essa pouca-vergonha chamada PT Comunicações.
ABAIXO A PT!!!
E tenho dito!
Nina Machado
segunda-feira, 3 de abril de 2006
TÔ QUE NEM POSSO - 1
Garrafadas na Aldeia
Tarde de sábado. O sol brilha mas a estrada ainda está húmida devido a chuva constante das últimas três semanas.
As janelas da cozinha estão finalmente abertas depois de um longo e rigoroso Inverno.
No meio dos afazeres para o jantar um diálogo pouco vulgar se faz ouvir.
“ Seu carvalho! (irc – soluço de bêbado)). Tá pensando que eu sou o que (irc)? Eu tenho orgulho aqui dentro. Isso não vai terminar assim (irc).
“ Vai-te embora seu carvalho! Some daqui! Aqui não é lugar de borracheiros (bêbados).
“ Borracheiro é a planta que te partiu (irc)! Eu quero o meu dinheiro de volta! (irc). Essa máquina me enganou. Exijo os meus direitos (irc).
“ Vai-te embora!”
“ Isso não fica assim (irc)! Aquela planta da sua filha vai me pagar pelo banho d’água (irc).
Depois de muitos empurrões, a turma do “deixa disso” tinha entrado em acção mas com pouco, ou nenhum resultado.
O dito “borracheiro” se exaltava cada vez mais, proferindo frases cada vez mais desconexas e ofendendo toda a gente. Nem o balde de água que lhe haviam atirado servira para resfriar o comportamento.
Os vizinhos já estavam todos cá fora no largo do café. Uns a distância conveniente, outros cada vez mais próximos para tentar acalmar as coisas.
Nada resultava. O homenzinho, já para lá de enfurecido, continuava a esbravejar palavrões e acusações.
Como se não bastasse a confusão ali no café, resolveu descer até o talho e aí é que a coisa ficou negra.
Atirou-se lá para dentro, ultrapassou o balcão e seguiu em direcção as facas logisticamente instaladas ao lado das tábuas de corte.
O senhor do talho, um rapaz pequeno mas com sangue nas guelras, não se fez esperar. Partiu logo para cima do tal e o foi empurrando para fora.
“Tire já as mãos de cima de mim (irc). Esse telemóvel é meu, seu ladrão (irc)”
“ Você está bêbado! O telemóvel é meu. Ponha-se para fora daqui e é já!”
“ Seu carvalho (irc)! Me dá aqui esse telemóvel que é meu (irc). Ladrão (irc)! Vocês todos vão me pagar. Isso não fica assim (irc) Pensam que só porque sou pobre podem gozar comigo (irc)”
Nessa altura, os clientes do talho já estavam todos do lado de fora, assustados e com receio que ele pudesse alcançar as facas.
O ajudante do talho, duas vezes maior que o “borracheiro”, passou-se por completo e quase cometia uma loucura quando o tal se espalhou no chão depois de um empurrão mais forte.
Os mais ponderados o seguraram dizendo que não valia a pena se prejudicar por uma cena daquelas.
O outro levantou-se e continuava a agredir quem se lhe pusesse na frente.
Finalmente alguém sensato resolveu que a polícia é quem deveria tomar conta da situação.
O senhor do talho faz a chamada e qual não é a sua surpresa?!!
Ao começar a relatar os factos do outro lado lhe desligam o telefone na cara.
Indignação total.
Mas como é possível tal coisa.
Inconformado, o senhor que tinha sugerido passar o caso aos homens da ordem e segurança resolve ligar ele próprio.
Estabelecida a chamada, ouve do outro lado que a polícia não podia fazer nada a não ser que alguém já estivesse ferido ou magoado (machucado).
“ Vocês estão a brincar comigo ou o que? Quer dizer que é preciso acontecer uma tragédia para os senhores agirem? Ora, façam o favor de tomar uma providência antes que alguém se machuque a sério. Pelo menos tirem o homem daqui”.
Depois de muita conversa, finalmente disseram que mandariam uma patrulha.
A demora foi tanta que quando chegaram o autor dos distúrbios já lá não estava. Tinha seguido a estrada em direcção ao interior da aldeia, indo parar a uma mercearia onde continuou a confusão.
A polícia acabou por não fazer nada. O homem continuou a incomodar a todos por onde passava até cair por completo. Os incomodados acabaram por se resignar. E a moral da história é ter cuidado com as máquinas de sorte nos cafés.
E você pergunta: mas por que garrafadas na aldeia?
Simples! O dito “borracho” partiu umas quantas. Mas não foi na cabeça de alguém. Foi das várias vezes que foi ao chão.
Nina Machado
02-04-2006
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